quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Partos

O PLANO DE PARTO:
Desde o início estava decidida pelo parto normal. Ao engravidar, eu não tinha ginecologista, pois o meu fora descredenciado do plano de saúde. Então marquei apenas uma consulta para iniciar o pré-natal em uma clínica próxima ao meu trabalho, com o Dr. Reginaldo. Já na primeira consulta, falei que queria parto normal, e ele achou bom, principalmente porque já tive um em 2001.
Quando eu estava com 34 semanas, abri um plano de parto com o médico. Ele disse que não gostava de sofrimento e era a favor da analgesia. Concordei, apenas pedi para que fosse anestesiada apenas quando estivesse próxima do expulsivo, para não correr riscos de o TP parar. A questão da episiotomia foi exposta também, pois ele entende que o procedimento realmente não é necessário e que a recuperação sem ele seria muito melhor, mas por eu ter feito no meu primeiro parto, ele preferiria fazer novamente, e se eu me importava. Quanto a isso, concordei. E quanto a enema e tricotomia, ele discordava em utilizar, ufa!
Como era minha segunda gestação, pediu que eu fosse ao hospital quando as contrações estivessem com intervalo de 10 minutos, e não de 5 minutos como de praxe, pois ele temia que o trabalho fosse rápido e o bebê nascesse no caminho.
As maternidades estavam escolhidas: primeiramente Santa Joana, caso percebêssemos um plano de “desnecesária”, correríamos para o Amparo Maternal.
Entrei em Licença Maternidade dia 03 de Dezembro, e meu marido estaria de férias de 23 de Novembro a 25 de Dezembro, para termos tempo de deixarmos tudo prontinho!

A “QUASE INDUÇÃO”:
No dia 17/12 fui à consulta de rotina. No toque ele percebeu 2 cm. de dilatação, mas a cérvix estava alta. Eu completaria 40 semanas no dia 19, e pelo Doppler sonoro no consultório ele não tinha certeza quanto ao estado do bebê, pois não tinha percebido movimentação. Marcamos então para o dia que completaria as 40 semanas eu ir até o hospital para fazer um acompanhamento pela Obstetriz e verificar a necessidade de uma induçã, ele disse que se fosse o caso a Obstetriz telefonaria a ele e passaria a situação.
Saí de lá muito chateada, pois imaginei mesmo que o TP não aconteceria, e as coisas não seriam naturais como eu desejava.
No dia 18/12 acordei com um sangramento. Eu sabia que podia ser do toque, mas sabe quando há uma esperança de não ter que passar por um procedimento indesejado? Eu não queria aquela indução, então eu e meu esposo decidimos ir ao hospital no fim do dia apenas para checarmos do que se tratava.
Para completar, eu tinha prova na faculdade e precisava estudar, então tentei me desligar e estudei o dia todo, fiz a prova (fui bem, aliás), depois fomos ao hospital.
Lá passei pela Obstetriz, que após toque e monitoramento concluiu que tudo estava bem e que uma indução seria desnecessária, mas que ligaria para meu médico para obter um parecer.
A resposta dele me encheu de alegria: “Tudo bem, volta pra casa e vamos esperar o seu Trabalho de Parto. Mas não fique com vergonha de voltar ao hospital seja qual for o sinal e o horário!”
Saí de lá feliz, mas meu humor tava péssimo. Cheguei em casa quase 1 hora da manhã.

O GRANDE DIA:
Mesmo dormindo a 1 hora da manhã, acordei 6:30 da manhã incomodada. Nenhuma posição estava boa, eu estava faminta e carente. Meu esposo percebeu minha inquietação e me fez companhia. Tomei um banho e fui almoçar e passar a tarde na casa de minha avó.
Lá, durante o almoço, comecei a sentir algumas contrações. O intervalo era de 30 minutos, e até as 17 horas evoluiu apenas para 20 minutos. Chovia as pencas e meu marido se preocupava com o caminho, pois se aproximava da “hora do rush” do trânsito, moramos em Osasco e as maternidades que escolhemos ficavam quase no centro de São Paulo, e pela televisão informavam que o trânsito estava um caos. Logo as contrações cessaram e pensamos que era apenas mais um alarme falso, até eu sentir uma forte pressão na barriga e perceber que a bolsa havia rompido.
Que correria! A situação era de desesperar, não chegaríamos nunca a nenhuma das maternidades. A marginal Pinheiros estava entupida, e ficamos presos no engarrafamento.
Eu tentava pelo celular contatar o SAMU e o Resgate, que nos disseram que não tinha como chegar uma ambulância até nós, pois o trânsito estava péssimo na cidade inteira.
No desespero, saímos da Marginal e meu marido entrou na USP, pois lá havia o Hospital Universitário.
Para nossa sorte fomos parados por uma viatura da Polícia Civil, que nos perguntou o motivo da pressa. Ao perceber a situação o policial se dispôs a me levar até a maternidade e meu marido ir com calma, para não se acidentar.
Lá fui eu de viatura pra Maternidade Santa Joana, com as contrações aumentando muito e o líquido esvaindo. O coitado do policial estava em desespero, mas em menos de 30 minutos chegamos ao local.
Dei entrada na emergência às 19hs. com 6 cms. de dilatação. As contrações estavam fortíssimas! Meia hora depois chega meu marido esbaforido, mas contente por não ter perdido nada e em saber que eu estava bem.
Contataram meu médico que também estava preso no trânsito mas disse que chegaria a tempo para meu parto.

Fui encaminhada para a LDR (Labor Delivery Room), uma sala de parto específica para Parto Normal, ma-ra-vi-lho-sa! Para quem não conhece, é uma suíte com uma luz agradável e um som para tornar o TP mais aconchegante, e menos hospitalar. Há possibilidade de relaxar na banheira, mas devido meu TP avançado mantive repouso na cama, pois eu não queria ficar na vertical, o Antonio já havia encaixado e a dilatação não estava completa ainda, então incomodava muito. Logo que recebi a epidural, meu marido chegou e ficou ao meu lado o tempo todo, me acariciando e segurando minha mão.
Às 20:45 meu médico chegou, e percebeu 9 cm. de dilatação. Logo o quarto começou a se transformar em uma sala de parto.
Meu coração estava a mil, chegava a grande hora !!! A dor era quase insuportável, a anestesia só fizera efeito do púbis para baixo, então continuei sentindo as contrações.
Logo começamos com o expulsivo, e em poucos empurrões, nasceu meu Antonio, às 21:17!
Meu marido e eu chorávamos, ele não conseguia parar de dizer: “Nasceu o Toninho, Ju! Nasceu o Toninho, Ju! Obrigada! Obrigada!”.
A maternidade tem altos índices de cesárias eletivas, então toda a equipe que acompanhou meu parto ficou emocionada e me parabenizou. A anestesista logo começou a tirar fotos de tudo, e dizia que o parto tinha sido lindo!
Ao final pedi desculpas às enfermeiras, pois percebi que fiquei meio grossa durante o TP, mas todas elas estavam muito contentes com o parto e me agradeceram pela força.
Assim que acariciei e beijei muito meu bebê, ele foi para o pediatra e cochilei por uns 30 minutos, até meu marido volta com meu filho para a primeira mamada.
Ainda hoje, uma semana depois, sinto um arrepio e uma saudade... Passaria por tudo de novo, exatamente como foi.
Recebi a episio, como conversado no Plano de Parto, com 5 pontinhos. Os pontos já caíram e a cicatrização está maravilhosa. O Antonio mama muito, de 2 em 2 horas, e estou uma verdadeira vaca leiteira! Hoje vou procurar o Serviço de Saúde da prefeitura para doar o leite.
Sou muito feliz!!
Relatos de partos de: Mamãe Julia

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